sexta-feira, 30 de março de 2012

Faleceu Rodrigo Modesto

Com pesar, comunicamos que faleceu, em Belo Horizonte, o jovem Rodrigo Modesto. Ele esteve conosco em nossa fraternidade no primeiros semestre de 2010. Pedimos a todos a oração por esse nosso irmão.


quinta-feira, 29 de março de 2012

A propósito do assassinato dos sem-terra em Uberlândia... e de tantos mais no Brasil


 Nota da Presidente da Família Franciscana de Minas Gerais



“E devem alegrar-se, quando conviverem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua” (Fragmentos da Regra não Bulada, 74)



Nosso irmão, Frei Rodrigo, OFM da AFAS, Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade sediada em Uberlândia, enviou a nota anexa sobre o assassinato de três filhos de Deus,  assassinato este executado à frente de uma criança de cinco anos.
Neste Tempo da Quaresma, já respirando o ar da Páscoa da Ressurreição gostaria de retomar o texto de Isaias que nas entrelinhas fala de uma organização social injusta e, também, da esperança de transformação.
“Vede: eu vou criar um céu novo e uma terra nova; do passado não haja lembrança”
De um presente que com nossa participação, pode se transformar em passado mais rapidamente: hoje metade da renda total do Brasil está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos e que os 50% mais pobres ficam com apenas 10% das riquezas produzidas. Onde mais da metade da população brasileira detém menos de 3% das propriedades rurais e apenas 46.000 grandes proprietários são donos de mais da metade as terras... Uma exclusão de um número imenso de famílias sem terra onde plantar, sem casa onde  morar.
“Vede: vou transformar Jerusalém em alegria e sua população em júbilo; eu me alegrarei com Jerusalém e exultarei com meu povo, e nela não se ouvirão gemidos nem prantos”
Prantos dos que sofrem por não encontrarem saída para as imensas dificuldades cotidianas, por não terem o que comer, não terem água potável, não terem acesso aos mais básicos direitos humanos. Por constatarem entristecidos que seu pequeno pedaço de terra vai sendo roubado para acrescentar mais e mais extensão  destinada ao agronegócio e à monocultura em detrimento da agricultura familiar; onde a cada dia, com os alimentos que chegam às nossas  mesas,  somos obrigados a ingerir um sem número de agrotóxicos proibidos fora do Brasil e aqui impostos pelas empresas multinacionais produtores de venenos lesivos à natureza e aos seres humanos...
“Já não haverá aí crianças de poucos dias nem adultos que não completem seus anos, pois será jovem quem morrer aos cem anos “
Não teremos mais sem-terra sendo assassinados brutalmente, nem índios sendo expropriados de seus territórios centenários e vendo seu povo sendo vítima de genocídio .Não testemunharemos irmãos e irmãs que lutam para que a obra da criação de Deus seja respeitada, inclusive o ser humano da qual é parte, serem  mortos como Irmã Dorothy Stang,  e tantos outros; ou serem perseguidos e injuriados como Pedro Casaldaliga, Irwin Krautler, agentes da Pastoral da Terra... E que não vejamos mais crianças desnutridas, desprotegidas, sendo assassinadas ou presenciando o assassinato de seus parentes...
“Construirão casas e nelas habitarão, plantarão vinhas (mandioca, milho, verduras) e comerão seus frutos.”
“Não construirão para que outro habite, nem plantarão para que outro coma... Não se afatigarão em vão, não gerarão filhos para a catástrofe.”
Como franciscanos somos convocados pelo Evangelho a viver nosso carisma na construção da PAZ, da FRATERNIDADE, da JUSTIÇA. Uma sociedade de respeito entre as pessoas, sem desigualdades, sem opressão. Reino de Deus onde “o lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão comerá palha com o boi. Não causarão dano nem estrago por todo meu Monte Santo, diz o Senhor”
Comprometidos com esta missão queremos nos colocar junto com nossos irmãos e irmãs vítimas da violência em Uberlândia e em todo o Brasil. Queremos manifestar nosso compromisso no serviço da construção do Reino.
“Não acumuleis riquezas na terra, onde roem a traça e o caruncho, onde os ladrões arrombam e roubam... Onde está tua riqueza, aí estará teu coração” (Mt 6,19-21)
Em Cristo.
PAZ E BEM
Zelia Castilho ,OFS
Presidente da Família Franciscana de Minas Gerais
Belo Horizonte, 29 de março de 2012


Domingo de Ramos: Quando só se pensa em Messias como Rei Glorioso




ABRIR OS OLHOS PARA VER
Esse texto fala da grande manifestação popular em favor de Jesus no Domingo de Ramos. Sentado num jumento, animal de carga, Jesus entra em Jerusalém, capital do seu povo. Os discípulos, as discípulas e povo romeiro, vindos da Galiléia, o aclamam como messias. Mas o povo da capital não participa. Apenas assiste, e as autoridades nem aparecem. A romaria termina na praça do Templo, a praça dos poderes. Parece uma passeata que termina diante da catedral e do Palácio do Planalto. Também hoje há manifestações populares. As suas reivindicações revelam o sofrimento do povo e a sua indignação frente às injustiças. Nem todos participam, pois tem medo. A maioria apenas assiste.

SITUANDO
Finalmente, após uma longa caminhada de mais de 140 quilômetros, desde a Galiléia até Jerusalém, a romaria está chegando ao seu destino. Neste quinto bloco (Mc 11,1 a 13,37), tudo se passa em Jerusalém, símbolo central da religião (Sl 122,3). No início do bloco, está o gesto simbólico de Jesus: aclamado pelo povo peregrino, ele entra na cidade montado num jumentinho, animal de carga.
A caminhada de Jesus e seus discípulos era também a caminhada das comunidades no tempo em que Marcos escrevia o seu evangelho: seguir Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém, desde o lago até o calvário, com a dupla missão de denunciar os donos do poder que preparam a cruz para quem os desafia e de anunciar ao povo sofrido a certeza de que um mundo novo é possível. Esta mesma caminhada continua até hoje.

COMENTANDO  
Marcos 11,1-3: A chegada em Jerusalém
Jesus vem caminhando, como romeiro no meio dos romeiros! O ponto final da romaria é o Templo, onde mora Deus! Em Betânia ele faz uma parada. Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre fora da cidade, do outro lado do Monte das Oliveiras. De lá, Jesus organiza e prepara a sua entrada na cidade. Ele manda os discípulos buscar um jumentinho, um jegue, animal de carga, para poder realizar um gesto simbólico.
Marcos 11,4-6: A ajuda dos discípulos e das discípulas
Os discípulos fazem como Jesus tinha mandado, e tudo acontece conforme o previsto. Eles encontram o jumentinho e o levam até Jesus. E alguns dos que ali se encontravam perguntaram: "Por que vocês estão soltando o jumentinho?" E eles responderam: "Jesus está precisando!" Todos nós somos como o jumentinho, animal de carga. Jesus precisa de nós.
Marcos 11,7-10: A entrada solene na Cidade Santa
Jesus monta o jumentinho e entra na cidade, aclamado pela multidão de peregrinos e pelos discípulos. Na cabeça deles está a ideia do messias rei glorioso, filho de Davi! Eles acreditam que, finalmente, o Reino de Davi tenha chegado e gritam: "Bendito o Reino que vem de nosso pai Davi!" Jesus aceita a homenagem, mas com reserva. Montado no jumentinho, ele evoca a profecia de Zacarias que dizia: "Teu rei vem a ti, humilde, montado num jumento. O arco de guerra será eliminado" (Zc 9,9-10). Jesus aceita ser o messias, mas não o messias rei glorioso e guerreiro que os discípulos imaginavam. Ele se mantém no caminho do serviço, simbolizado pelo jumentinho, animal de carga. Jesus ensina agindo. Os discípulos, que procurem entender o gesto de Jesus, mudem de ideia e se convertam!

ALARGANDO
As romarias do povo e os salmos de romaria  
As romarias para Jerusalém se faziam três vezes ao ano, nas três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (cf. Ex 23,14 e 17). Dos lugares mais distantes os romeiros vinham caminhando. Alguns faziam cinco, seis ou mais dias de viagem. Vinham para Jerusalém, a capital, "a cidade grande e bela, para onde tudo converge" (cf. Sl 122,3-4). As romarias eram momentos de confraternização e de muita alegria: "Fiquei foi contente, quando me disseram: Vamos para a Casa do Senhor!" (Sl 122,1). Nestas longas viagens, o povo rezava e cantava os Salmos de Romaria. Jesus também os rezou, junto com os peregrinos da Galiléia, nesta sua última romaria para a Casa de Deus, em Jerusalém.
Os "Salmos de Romaria" formam uma coleção de 15 salmos dentro do saltério, do Salmo 120 até o Salmo 134. São salmos pequenos. O povo que rezava quando subia para o Templo de Jerusalém em peregrinação. Por isso chamados "Cânticos das Subidas". Eles diziam: "Vinde! Vamos subir ao Monte de Javé!" (Is 2,3). "Vamos subira Sião, a Javé, nosso Deus!" (Jr 31,6).
Apesar de pequenos, os Salmos de Romaria possuem uma grande riqueza. São uma amostra de como o povo rezava e se relacionava com Deus. Eles ajudam o povo a perceber os traços de Deus nos fatos da vida. Transformam tudo em prece, mesmo as coisas mais comuns da vida de cada dia. De um jeito bem simples, revelam a dimensão divina do quotidiano. Ajudam a perceber e a rezar a dimensão divina do humano.
Também eram chamados "Cânticos dos Degraus". Provavelmente por causa da majestosa escadaria de 15 degraus que dava acesso ao Templo de Jerusalém. Daí, talvez, a razão de a coleção ter exatamente 15 salmos.
A subida pelos 15 degraus da escadaria do Templo era uma imagem e um resumo da própria romaria, desde o povoado até Jerusalém. E ambas, tanto a subido como a romaria, eram um símbolo ou uma imagem da caminhada de cada pessoa em direção a Deus.
Quando, finalmente, após longa caminhada, o romeiro chega ao Templo e experimenta algo da presença de Deus, as palavras já não bastam para dizer o que se vive. Então, o gesto das mãos completa o que falta nas palavras. Isto transparece nos Salmos de Romaria. Assim, no último salmo, gesto e palavra se unem para expressar o que se vive: "Levantem as mãos para o santuário e bendigam a Javé!" (Sl 134,2).
Ao longo dos salmos de romaria, os mesmos pensamentos e sentimentos aparecem e reaparecem, do começo ao fim. Eles indicam a direção da oração, o rumo do Espírito. Eis uma lista que pode servir como chave de leitura para nós.
  1. O pano de fundo que percorrer estes salmos é a experiência libertadora do Êxodo e do Exílio;
  2. São orações em que agricultores expressam e rezam a sua vida e os seus problemas;
  3. Transparece nas imagens usadas uma situação de violenta opressão e de exploração do povo;
  4. Em alguns destes salmos, se passa do eu para o nós, o que revela a integração na comunidade;
  5. Neles se expressa a alegria intensa da confraternização dos romeiros em Jerusalém;
  6. O Templo ocupa um lugar importante na vida do povo, lugar de encontro com Deus;
  7. A ambivalência da monarquia e da cidade de Jerusalém: centro que atrai e que oprime;
  8. Um grande desejo de paz e de liberdade percorre quase todos estes salmos;
  9. Não usam ideias rebuscadas, mas transformam em prece as coisas comuns da vida;
  10. No centro de tudo, no começo e no fim, está a fé em "Javé que fez o céu e a terra".
Extraído livro Caminhando com Jesus - Círculos Bíblicos de Marcos - II Parte, de Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI, 2012.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Nota da CPT / AFES sobre assassinato de sem terra, lideranças do MLST, em Uberlândia (MG)


 
O tríplice homicídio, que ceifou as vidas de Milton Santos Nunes, 52 anos, Clestina Leonor Sales Nunes, 48 anos e Valdir Dias Ferreira, 39 anos, lideres do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), clama por justiça.

Há muito, os movimentos sociais do campo, pastorais e organizações da sociedade civil vêm denunciando a violência do latifúndio e sua impunidade, na região do Triângulo Mineiro. Não é possível que a vida humana seja considerada como um nada, diante da voracidade do agronegócio e das ações de grupos armados, ligados a latifundiários.

As famílias sem terra do Triângulo Mineiro, e em particular aquelas acampadas na Fazenda São José dos Cravos, estão vivenciando na carne a Semana Santa, que se aproxima com a paixão e morte de Cristo. O sangue derramado por Clestina, Milton e Valdir, covardemente executados pelo latifúndio, se junta ao sangue de Cristo e de tantos outros irmãos e irmãs, martirizados por causa de conflitos agrários e dos crimes do agronegócio.

O ser humano tem o direito sagrado à terra, base da vida. Não é justo que famílias fiquem neste nosso país, acampadas sob tensão e em condições inumanas, enquanto sobra terra, nas mãos de uns poucos. Não é justo que monoculturas, como a cana, se espalhem tomando territórios, para satisfazer as necessidades de lucro dos negócios de mercado. Não é justo que o direito constitucional à função social e ambiental da terra, não seja aplicado, e não se desapropriem os latifúndios.

Que a ressurreição, já vivida pelos que foram assassinados, venha para os sem terra com a reforma agraria e que se faça justiça em mais essa tragédia na luta agrária, no nosso querido Brasil.
Uberlândia, 28 de março de 2012
CPT – Triângulo Mineiro (Comissão Pastoral da Terra)
AFES – Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade

terça-feira, 27 de março de 2012

Clara de Assis: a coragem de uma mulher apaixonada


por Leonardo Boff
Há 800 anos, na noite de 19 de março de 1212, dia seguinte à festa de Domingos de Ramos, Clara de Assis, toda adornada, fugiu de casa para unir-se ao grupo de Francisco de Assis na capelinha da Porciúncula que ainda hoje existe. As clarissas do mundo inteiro e toda a família franciscana celebram esta data que significa a fundação da Ordem de Santa Clara espalhada pelo mundo inteiro.
Clara junto com Francisco - nunca devemos separá-los, pois se haviam prometido, em seu puro amor, que "nunca mais se separariam" segundo a bela legenda época - representa uma das figuras mais luminosas da Cristandade. É bom lembrá-la neste mês de março, dedicado às mulheres. Por causa dela, há milhões de Claras e Maria Claras no mundo inteiro. Ela, de família nobre de Assis, dos Favarone, e ele, filho de um rico e afluente mercador de tecidos, dos Bernardone.
Com 16 anos de idade quis conhecer o então já famoso Francisco com cerca de 30 anos. Bona, sua amiga íntima conta, sob juramento nas atas de canonização, que entre 1210 e 1212 Clara "foi muitas vezes conversar com Francisco, secretamente, para não ser vista pelos parentes e para evitar maledicências". Destes dois anos de encontro nasceu grande fascínio um pelo outro. Como comenta um de seus melhores pesquisadores, o suíço Anton Rotzetter em seu livro Clara de Assis: a primeira mulher franciscana (Vozes 1994): "neles irrompeu o Eros no seu sentido mais próprio e profundo pois sem o Eros nada existe que tenha valor, nem ciência, nem arte, nem religião, Eros que é a fascinação que impele o ser humano para o outro e que o liberta da prisão de si mesmo"(p. 63). Esse Eros fez com que ambos se amassem e se cuidassem mutuamente mas numa transfiguração espiritual que impediu que se fechassem sobre si mesmos. Francisco afetuosamente a chamava de a "minha Plantinha". Três paixões cultivaram juntos ao longo de toda vida: a paixão pelo Jesus pobre, a paixão pelos pobres e a paixão um pelo outro. Mas nesta ordem. Combinaram então a fuga de Clara para unir-se ao seu grupo que queria viver o evangelho puro e simples.
A cena não tem nada a perder em criatividade, ousadia e beleza, das melhores cenas de amor dos grandes romances ou filmes. Como poderia uma jovem rica e bela fugir de casa para se unir a um grupo parecido com aos "hippies" de hoje? Pois assim devemos representar o movimento inicial de Francisco. Era um grupo de jovens ricos, vivendo em festas e serenatas que resolveram fazer uma opção de total despojamento e rigorosa pobreza nos passos de Jesus pobre. Não queriam fazer caridade para pobres, mas viver com eles e como eles. E o fizeram num espírito de grande jovialidade, sem sequer criticar a opulenta Igreja dos Papas.
Na noite do dia de 19 de março, Clara, escondida, fugiu de casa e chegou à Porciúncula. Entre luzes bruxoleantes, Francisco e os companheiros a receberam festivamente. E em sinal de sua incorporação ao grupo, Francisco lhe cortou os belos cabelos louros. Em seguida, Clara foi vestida com as roupas dos pobres, não tingidas, mais um saco que um vestido. Depois da alegria e das muitas orações foi levada para dormir no convento das beneditinas a 4 km de Assis. 16 dias após, sua irmã mais nova, Ines, também fugiu e se uniu à irmã. A família Favarone tentou, até com violência, retirar as filhas. Mas Clara se agarrou às toalhas do altar, mostrou a cabeça raspada e impediu que a levassem. O mesmo destemor mostrou quando o Papa Inocêncio III não quis aprovar o voto de pobreza absoluta. Lutou tanto até que o Papa enfim consentisse. Assim nasceu a Ordem das Clarissas.
Seu corpo intacto depois de 800 anos comprova, uma vez mais, que o amor é mais forte que a morte.
Fonte: www.adital.com.br

segunda-feira, 26 de março de 2012

Aniversário do Márcio

No dia 16 de março, nosso postulante Márcio comemorou mais um aniversário. Dois momentos de alegria marcaram a celebração natalícia de nosso irmão. Um em Juiz de Fora, no dia 16, e outro no último sábado, quando ele passou o final de semana em Rosário da Limeira. Ao nosso irmãos desejamos muita paz, alegria e perseverança na vocação franciscana!





Três lideranças dos sem-terra assassinadas no Triângulo Mineiro

 
Transcrevemos aqui o comunicado do MLST em sua íntegra, divulgado pelo Serviço Franciscano de Justiça Paz e Ecologia: 

Ontem (24 de março) os companheiros Valdir Dias Ferreira, 40 anos e Milton Santos Nunes da Silva, 52 e a companheira Clestina Leonor Sales Nunes, 48, membros da Coordenação Estadual do MLST no Estado de Minas Gerais, foram executados na rodovia MGC-455, a dois quilômetros de Miraporanga, distrito de Uberlândia. O bárbaro crime aconteceu na presença de uma criança de 5 anos.
Os companheiros e a companheira eram acampados na Fazenda São José dos Cravos, no município do Prata, Triangulo Mineiro/MG. A Usina Vale do Tijuco (com sede na cidade de Ribeirão Preto/SP) entrou com pedido de reintegração de posse apenas com um contrato de arrendamento. Diversas usinas vem implementando na região o monocultivo da cana de açúcar, trabalho degradante e o uso intensivo de agrotóxico e destruição do meio ambiente.
Essa área foi objeto de audiência no último dia 8 de março de 2012, não havendo acordo entre as partes. Dezesseis dias depois da Audiência as três lideranças que tinham uma expressiva atuação na luta pela terra na região e eram coordenadoras do acampamento foram assassinadas.
Trata-se de mais um crime agrário, executado pelo tão endeusado Agronegócio onde a vida e o direito de ir e vir não são respeitados. A impunidade e a ausência do Estado de Direito na região vem causando o aumento da violência e da tensão social.
Os nomes dos companheiros Ismael Costa, Robson dos Santos Guedes e Vander Nogueira Monteiro estão na lista de morte. Solicitamos imediatamente do Governo do Estado de Minas Gerais e da Política Federal proteção às lideranças ameaçadas. Não podemos mais ficar chorando a perda de pessoas, a obrigação do Estado é garantir o direito a vida de sua população, independente de classe social, cor e raça.  
Por tudo isso, O MLST reivindica aos Governos Federal e Estadual a constituição imediata de uma Força Tarefa na região do Triangulo Mineiro com a participação efetiva da Ouvidoria Agrária Nacional do MDA, INCRA, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Secretaria da Presidência da República, Ministério da Justiça, Polícia Federal e o Promotor Agrário de Minas Gerais, Dr. Afonso Henrique.
Reivindicamos o assentamento imediato das famílias acampadas na região do Triangulo Mineiro.
Por fim, exigimos a prisão imediata dos fazendeiros mentores intelectuais dos assassinatos, bem como dos executores. Basta de Impunidade. Basta de Violência.  
O MLST presta sua última homenagem aos três dirigentes do Movimento no Triangulo Mineiro, clama por justiça e reafirma seu compromisso na luta pela democratização da terra para construir um País mais justo e igualitário.
Viva Clestina Leonor Sales Nunes!
Viva Valdir Dias Ferreira!
Viva Milton Santos Nunes da Silva!
Uberlândia, 24 de março de 2012
Coordenação Nacional do MLST

domingo, 25 de março de 2012

Água, o futuro e dois tipos de esperança


 

 Jung Mo Sung


por Adital Notícias da América Latina e do Caribe
Dia 22 de março foi o "Dia Mundial da Água", criado pela ONU para que o mundo tome consciência e faça algo para evitar um grande desastre que poderá cair sobre a humanidade com a escassez de água potável no mundo.
Todos, ou quase todos, já viram ou ouviram falar do que pode acontecer se continuarmos desperdiçando um bem tão vital como água potável. Mas, parece que apenas um número relativamente pequeno está levando esse problema a sério. Por que será isso?
Muitos dos que estão engajados na campanha pela preservação de recursos naturais escassos, como água, parecem pressupor que as pessoas não se "conscientizaram" só porque ainda não conhecem suficientemente o problema. Assim, a contramedida seria falar mais, "conscientizar" mais. É claro que há muitos que ainda não conhecem esse problema, mas eu suspeito que haja outros fatores que levam pessoas que já conhecem, já tomaram consciência do problema da água, a viverem como se nada de grave fosse acontecer no futuro.
Deixe-me dar um exemplo do cotidiano para explicar melhor o que quero dizer. Quando algum conhecido nosso enfrenta um problema grave de saúde, nós costumamos encorajá-lo dizendo que "tudo vai ficar bem". E isso é importante porque sem esperança a pessoa não encontra força para lutar contra a enfermidade ou para enfrentar os efeitos colaterais do tratamento. Essa expressão "tudo vai ficar bem" revela uma confiança de que há um ser superior dirigindo as nossas vidas. E, se ao final, a pessoa morre, dizemos aos seus entes queridos que ela foi para um lugar melhor. Isto é, "tudo vai ficar bem", mesmo após a morte.
Esse tipo de "esperança" aparece também em algumas visões sobre a história da humanidade e do universo/criação. Há grupos - alguns ligados a eco-espiritualidade - que dizem que há um Deus bom e providencial guiando todo o universo. Todo o universo estaria prenhe do Espírito divino. E por isso a história da humanidade e de todo o universo caminha para um ponto de plenitude, e o bem vencerá o mal. É uma visão ampliada do "tudo vai ficar bem".
Se "tudo vai acabar bem", por que deveríamos levar a sério a ameaça de um futuro sombrio para humanidade por conta do desperdício da água potável? Quem compartilha dessa esperança "sabe" que Deus dará um jeito para resolver o problema no futuro. A esperança por detrás do "tudo vai acabar bem" é um tipo de esperança que pode conduzir a uma catástrofe. É um tipo de esperança que H. Hannoun chamou de "esperança expectante", que apenas espera.
Há, especialmente entre cristãos mais fundamentalistas, um outro tipo de esperança que leva as pessoas a não fazer nada diante do desafio. É a esperança "apocalíptica" fundamentalista de que o mundo só terá jeito após a volta de Jesus, e essa volta será precedida por grandes catástrofes. Neste sentido, a crise da água potável seria um sinal positivo, pois apressaria a volta de Jesus.
As pessoas e os povos só atuarão de verdade e efetivamente se levarem a sério a ameaça que enfrentamos. E para levar a sério esse desafio, devemos abandonar as concepções "teológicas" de histórias dirigidas ou guiadas por deuses, Espírito ou por algum tipo de "lei da história". Precisamos assumir, intelectual e existencialmente, que o futuro está aberto diante de nós. Mas, não nos engajamos nas lutas difíceis só porque descobrimos problemas graves. É preciso de uma força espiritual que nasce da esperança! Esperança essa que não seja somente "expectante", mas que leva a uma ação. Uma esperança que nasce de uma fé de que o mundo e o futuro podem ser melhores; uma esperança que nos convoca para ação.
[Autor, com Hugo Assmann, do livro "Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres", Paulus. Twitter: @jungmosung].

segunda-feira, 19 de março de 2012

Formação Bíblica em Leopoldina

No último final de semana, 16 a 18 de março, aconteceu, em Leopoldina, o Encontro de Formação Bíblica "Escutar a Palavra de Deus para cuidar e transformar". Mauro Kano, educador popular de São Paulo, assessorou o encontro que contou com a participação de cerca de 50 pessoas de diversas paróquias de nossa diocese. Nosso postulante Delkson participou com alguns leigos de Rosário da Limeira.




Teatro em Belisário

A Associação Amigos de Iracambi e a Comissão dos Atingidos pela mineração de bauxita na Zona da Mata, estarão promovendo uma noite diferente em Belisário, no próximo sábado, dia 24 de março, às 20:30hs no CAC. Trata-se de uma peça teatral intitulada "Esta terra é minha, vai minerar em outro lugar", seguida de uma roda de conversa. Venha participar conosco!


terça-feira, 13 de março de 2012

Dia Mundial da Água completa 20 anos


 

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.


Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) esta sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a "Declaração Universal dos Direitos da Água" (leia abaixo). Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar idéias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

Declaração Universal dos Direitos da Água
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. 

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem. 

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. 

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Fonte: www.cebi.org.br

domingo, 11 de março de 2012

Juninter em Belo Horizonte


Aconteceu dos dias 06 a 08 de março na Casa das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, em Belo Horizonte, o primeiro Novínter da CRB-MG.  Nossa Comunidade, representada por Frei Weisller Jefferson, juntamente com várias congregações masculinas e femininas de todo o estado de minas compareceram com seus formandos e formadores na participação deste encontro. Assessorado por Ir. Selita, o encontro teve como tema a Formação Humana. Ao apresentar Jesus como o modelo de homem integrado, fomos convidados no decorrer do encontro a fazer esta experiência buscando recordar a nossa infância, os nossos primeiros cuidadores, bem como as dores e feridas ainda presentes no “eu menino” que habita dentro de cada um de nós.
            Ao mencionar as necessidades naturais do ser humano sendo elas físicas e emocionais, Ir Selita salientou que a felicidade não está fora, mas dentro de cada um de nós. Portanto, o autoconhecimento é para gente corajosa e que não podemos perder de vista que o amor é o que nos estrutura, sendo que nossa vocação é por prioridade servir e amar.
            Durante estes dias de convivência trabalhamos também a sexualidade e afetividade dentro da vida religiosa, e, a partir deste aspecto, fomos convocados a fazer uma avaliação pessoal, buscando nos conscientizar de que muitas vezes reprimimos no outro o que é nosso, ficando a mercê de projeções e preconceitos.
            Diante do desafio de convivência comunitária, concluímos que o cultivo da intimidade com Deus é o maior remédio para as feridas atuais. Outro importante desafio dentro da vida religiosa é a aceitação de nossa história, a não rejeição de nosso histórico pessoal, do qual nos faz pessoas livres, abertas, disponíveis de “revirar” lá dentro, buscando mudança, no desejo sincero de ser melhor. Contudo, finalizamos o nosso encontro de Novínter felizes e reabastecidos no desejo de continuar caminhando com serenidade e disposição.